Clark Little, de 46 anos, começou no ramo em
2007, quando esposa quis decorar o quarto com foto do oceano e trouxe um
quadro; ele também surfa desde os 8 anos
Por Thierry GozzerRio de Janeiro
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Clark em ação no Havaí, onde mora e trabalha
(Foto: Clark Little/Divulgação)
No
Brasil, ao nascer, é normal que uma criança seja presenteada com uma
bola de futebol, tamanha a paixão do brasileiro pelo esporte. No Havaí,
meca do surfe, apenas substitua a esfera pela prancha. A paixão é a
mesma. E Clark Little não fugiu dela. Nascido no North Shore, em Oahu,
no Havaí, ele começou a surfar aos oito anos, no quintal de casa. Entre
os havaianos, chegou a ganhar a fama por ser corajoso, por buscar as
maiores ondas e sempre se dar bem. Profissionalmente, porém, em cima da
prancha o surfe nunca lhe trouxe dividendos. É fora dela, com uma câmera
em suas mãos, que Clark emociona, ganha a vida, fama e uma legião de
fãs como o amigo de infância e 11 vezes campeão mundial de surfe
Kelly Slater.
Veja vídeo com Clark Little em ação.
FOTOS: Clark Little arrebata fãs com fotos 'dentro' das ondas
Clark,
de 46 anos, é especializado em fotografar ondas. Apenas as ondas, sem
surfistas ou personagens. Grandes, pequenas, em qualquer lugar do mundo.
Seu lugar preferido, claro, é o North Shore, no Havaí, mas o havaiano
já rodou o mundo em busca das melhores imagens. Sua história com a
fotografia, contudo, começou por acaso, numa discussão com a esposa, que
queria mudar a decoração da casa.
Confira galeria de fotos do trabalho de Clark.
Foto de Clark Little; ele entra nas ondas para fazer a imagem perfeita (Foto: Clark Little/Divulgação)
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Descobri minha habilidade e paixão para capturar a beleza
extraordinária quando, em 2007, minha esposa quis uma foto do oceano
para decorar a parede do quarto. Ela comprou uma fotografia e trouxe
para casa. Eu disse para ela devolvê-la. Então, comprei uma câmera à
prova d'água e fui para a praia tirar minha própria imagem dentro do
oceano - lembrou Clark.
Seu estilo não é nada tradicional. Clark
se aproxima do mar e se joga nas ondas, literalmente. O resultado é
único. Ela capta a essência das ondas ao quebrar e sua formação
perfeita, fazendo molduras e paisagens impressionantes. O surfe, paixão
da infância, ainda é praticado, mas fica em segundo plano.
- Eu e
meu irmão mais velho, o Brock, somos conhecidos dos surfistas
profissionais. Eu surfei desde os oito, nove anos de idade. Cresci na
costa norte e surfei muitos dos famosos picos ao longo da North Shore.
Eu era famoso por pegar as ondas muito grandes e sempre sobrevivia.
Clark Little 'ataca' as ondas para conseguir as fotos (Foto: Clark Little/Divulgação)
Sua
melhor foto, segundo o próprio, leva o nome de Marlim, na qual duas
ondas colidem durante o nascer do sol, formando a cauda de um marlim
(espécie de peixe). A imagem foi parar na capa de grandes revistas como a
"National Geographic". Fotos com surfistas nas ondas até são feitas,
mas apenas para os amigos.
- Normalmente tiro fotos sem surfistas
nas ondas. Com as ondas vazias. As vezes faço fotos com surfistas, mas
apenas amigos, incluindo o Kelly Slater, meu amigo de infância. Não
gosto de fotografar com muitas pessoas ao meu redor. Prefiro praias
desertas, sem multidões.
Foto de nome Marlim é a preferida de Clark Little (Foto: Clark Little/Divulgação)
Com uma legião de fãs ao redor do mundo, Clark esteve no Brasil em 2009,
participando de uma feira, em São Paulo. Com o tempo chuvoso, não teve
tempo de bater fotos no país, mas diz que gostaria de voltar em uma nova
oportunidade, já que sempre ouve elogios das praias brasileiras. Ele
aproveita, então, para dar a dica da foto perfeita.
Capa do livro 'Shorebreak' de Clark Little
(Foto: Divulgação)
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A foto perfeita de uma onda precisa de um dia de sol, com vento fraco e
ondas de três a cinco metros. Além disso, é preciso ninguém ao redor e
água limpa e clara. Se for muito grande, você precisa ter a certeza de
que pode nadar muito bem. Para capturar um tubo, precisa nadar na parte
crítica da onda e ficar lá até o último segundo. E pode ser perigoso.
Mas evitam-se as lesões e a sua vida. Surfar por mais de 30 anos me
ajudou a compreender as ondas, correntes e sobrevivência no mar quando
preciso.
Sem qualquer estudo para ser fotógrafo, Clark comemora o emprego dos sonhos.
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Eu me sinto feliz por ser capaz de fazer um trabalho dos sonhos. Nunca
estudei para isso, apenas aconteceu. Então, agradeço todos os dias pelo
que faço. Muitas pessoas não têm a oportunidade de ver as ondas como
vejo. A melhor parte do meu trabalho é ser capaz de compartilhar a
beleza e a natureza - concluiu.