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G1:
Brasília – O Hospital Santa Lúcia informou na tarde desta terça (14), por meio de nota, que o jovem Marcelo Dino da Fonsêca de Castro e Costa, de 13 anos, filho do presidente da Embratur, Flávio Dino, apresentava “quadro clínico grave de crise asmática” ao dar entrada no hospital, em Brasília, na tarde desta segunda (13). O menino morreu na manhã desta terça.
Segundo a nota, o menino foi encaminhado “imediatamente” para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ao chegar ao hospital. A nota diz ainda que a família relatou à equipe de atendimento que o jovem tinha asma crônica e era usuário de broncodilatadores, e que perdeu a consicência durante uma crise na manhã em que foi internado.
Flávio Dino com os filhos Marcelo e Vinícius
Segundo o hospital, Marcelo passou a noite consciente e sendo monitorado na UTI, com quadro estável. Na nota, o hospital informa que nesta terça o jovem queixou-se de desconforto e dificuldade para respirar. A direção informou que foi verificado um quadro súbito de piora da oxigenação, quando a equipe responsável pela assistência iniciou os procedimentos de emergência.
A nota informa ainda que houve tentativa de reanimação do paciente, mas que o adolescente não respondeu e morreu por volta das 7h.
De acordo com o Hospital Santa Lúcia, a causa da morte só poderá ser conhecida após o laudo do Instituto Médico Legal (IML). O hospital informou que solicitou à Promotoria de Saúde do Ministério Público do Distrito Federal que efetue a apuração dos procedimentos feitos pelo hospital no caso. Segundo o hospital, o acesso aos prontuários, equipamentos, medicamentos e instalações serão liberados para a apuração.
A Polícia Civil do Distrito Federal abriu inquériro para apurar a morte do jovem a partir da ocorrência feita por um tio do garoto na manhã desta terça.
De acordo com o delegado Anderson Espíndola, da 1ª DP, o tio relatou que o sobrinho passou mal na escola com um quadro de bronquite asmática e foi levado para o Hospital Santa Lúcia. O tio contou que o jovem apresentou uma melhora no quadro, mas, por volta das 5h30 desta terça, depois de receber um medicamento, teve piora no quadro de saúde.
Segundo o delegado, o tio contou que os médicos foram chamados, mas que houve demora no atendimento durante a crise. Segundo ele, o tio relatou ainda que houve demora também em dar remédio para combater a crise. De acordo com o policial, a família suspeita de negligência médica.
“A família diz que ele estava apresentando quadro bem melhor e depois dessa medicação ele teve uma piora. Nós vamos ouvir todos os profissionais que tiveram contato com o jovem desde que ele chegou ao hospital. Vamos ouvir também as pessoas da escola onde ele passou mal. Vamos fazer tudo com calma e serenidade para que não se cometa nenhuma injustiça”, disse o delegado.
“Também pedimos para saber o que dizia o prontuário médico para saber se os procedimentos médicos adotados foram corretos. Com o que temos até agora ainda não dá para afirmar de forma alguma se houve negligência ou não”, disse.
O hospital informou que o medicamento ministrado ao jovem por volta das 5h30 foi um corticóide, o mesmo que ele tomou quando chegou ao hospital. De acordo com a assessoria do Santa Lúcia, o medicamento não tem nenhuma relação com o mal súbito que ele teve.
Duvanier
Em janeiro, o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva Ferreira, morreu devido a um infarto no miocárdio, após procurar atendimento em três hospitais particulares do Distrito Federal: o Santa Lucia, onde morreu Marcelo, o Santa Luzia e o Hospital Planalto, onde Duvanir recebeu atendimento e morreu.
Na época, a presidente da República Dilma Rousseff, solicitou ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a apuração de suposta negligência no atendimento ao secretário e pediu “providências exemplares”.
A Delegacia do Consumidor (Decon) e a 1ª DP de Brasília abriram inquérito para investigar as circunstâncias da morte. O inquérito da Decon foi concluído e apontou omissão dos hospitais, que supostamente recusaram atendimento preliminar antes da efetuação de pagamento. Na época da morte, os hospitais negaram ter recusado atendimento.
O inquérito na 1ª DP deverá ser concluído em mais um mês. O delegado Anderson Espíndola disse que outros dois casos de omissão de socorro e imperícia médica estão sendo apurados na delegacia. Um envolve um hospital público e outro um particular.