terça-feira, 10 de abril de 2012

MULHER AUTENTICA - Dilma diz a empresários americanos que Brasil repudia protecionismo

Presidente voltou a criticar política monetária de países desenvolvidos.
Ela disse que a balança comercial com EUA precisa ser reequilibrada.

Do G1, em BrasíliaA presidente Dilma Rousseff, durante cerimônia na Câmara de Comércio dos EUA, em Washington (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)A presidente Dilma Rousseff, durante cerimônia na
Câmara de Comércio dos EUA, em Washington
(Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
Em discurso a empresários americanos na tarde desta segunda-feira (9), a presidente Dilma Rousseff disse que o Brasil "repudia todas as formas de protecionismo" no comércio internacional. Ela discursou após um seminário sobre parcerias entre Estados Unidos e Brasil na Câmara de Comércio americana, em Washington, onde repetiu as críticas sobre as medidas adotadas por países desenvolvidos para enfrentar a crise internacional.
"O governo brasileiro, consciente desse problema, tem tomado e continuará tomando todas as medidas necessárias para neutralizar os efeitos nocivos do afrouxamento monetário que ocorre nos países desenvolvidos. Ao lado dessas providências, nós queremos reiterar que o Brasil repudia todas as formas de protecionismo e, portanto, inclusive esta que se configura como sendo uma espécie de protecionismo cambial", disse.
Nos últimos meses, o governo brasileiro vem tentando restringir, com aumento de impostos, a entrada de dólares no país. O objetivo é evitar a valorização excessiva do real, que prejudica setores exportadores da indústria.
Mais cedo, após encontro com o presidente do EUA, Barack Obama, manifestou "preocupação" do Brasil com as "políticas monetárias expansionistas" dos países desenvolvidos. Desde o ano passado, com o agravamento das dívidas públicas dos países europeus, os governos têm liberado recursos para reativar a economia. O Brasil se opõe ao fato de que parte desses recursos seja aplicado no mercado financeiro de emergentes.
Dilma disse que há motivos para "inquietação" e que nenhum país no mundo está imune "às turbulências". Disse que a continuidade das "políticas monetárias expansionistas serão bastante nocivas para aqueles países que são motor do crescimento mundial", em referência aos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Balança
Dilma também chamou a atenção para o deficit do Brasil no comércio com os Estados Unidos. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a diferença entre exportações e importações com os EUA foi desfavorável para o Brasil, chegando a US$ 8,2 bilhões no ano passado (o Brasil exportou US$ 25,94 bilhões e importou US$ 34,32 bilhões em 2011).
"É muito importante que nós aproveitemos o potencial do nosso relacionamento e isso significa que não se pode deixar persistir sistematicamente um deficit comercial tão desfavorável. Ele precisa ser progressivamente reequilibrado", disse Dilma à plateia de empresários.
Em 2009, os Estados Unidos perderam o posto de maior parceiro comercial do Brasil para a China. No discurso, de mais de 30 minutos, a presidente também reforçou a disposição do Brasil em realizar parcerias com os EUA, sobretudo nas áreas de educação, ciência e tecnologia, e energia.
RelaçãoApós o discurso na Câmara de Comércio, Dilma falou em entrevista aos jornalistas que a relação com Obama é de "alta qualidade", "muito clara, muito sensível". Ressaltou que existem vários pontos de convergência, mas que existem contrariedades.
"Cada um representa uma nação diferente e nós não podemos acreditar, principalmente nós que somos as duas maiores democracias do continente, que todo mundo é Joãozinho do passo certo, todo mundo anda no mesmo passo. Nós não somos Joãozinho do passo certo, nem do passo errado", disse.
A presidente relatou que, na questão geopolítica, disse que manifestou na conversa com Obama  preocupação com o Oriente Médio e o norte da África. "Nós não temos posições extremamente coincidentes a respeito", disse, ao enfatizar que o Brasil defende expedientes diplomáticos antes de qualquer intervenção militar. A situação do Irã - que mantém relação tensa com os EUA e Israel - , segundo Dilma, não foi discutida.

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