domingo, 19 de julho de 2015

OS RESPONSÁVEIS PELO SOCIAL NO MARANHÃO DEVERIAM ENTRAR EM CONTATO COM OS QUE FAZEM SOCIAL NO AMAZONAS E APRENDEREM A LIDAR COM OS QUE SOFREM HANSENÍASE NÃO PODE EXISTIR PRECONCEITOS POIS NINGUEM PEDE DOENÇA. E ESTES DOENTES SÃO NOSSOS IRMÃOS

Apesar de não viverem isolados, pacientes de hanseníase enfrentam preconceito

A doença tem cura, e o tratamento disponível nas unidades de saúde. Apesar do atual cenário, moradores da antiga Colônia do Bonfim ainda enfrentam o preconceito


LUTA
18/07/2015 - 12h20
Safira Pinho
17/07/2015. Crédito: Gilson Teixeira/OIMP/D.A Press. Brasil. São Luís - MA.  Vila Aquiles Lisboa antigo leprosário ainda abriga alguns doentes
Há mais de 23 anos, Raimundo Alves, de 56 anos, mora na Colônia do Bomfim, localizada no bairro Vila Nova. O diagnóstico da doença veio com os 33 anos, Raimundo Alves, de 56 anos, mora na Colônia do Bomfim, localizada no bairro Vila Nova. O diagnóstico da doença veio com os 33 anos de idade. Quando percebeu a insensibilidade da parte do corpo, durante suas atividades de trabalho.
Cozinheiro no Palácio dos Leões, ele também ajudava na decoração dos eventos. Um instrumento perfurou seu pé, no momento ele não sentiu nada. Quando viu o pé estava ferido e sanguentado, então procurou um médico e foi diagnosticada com a Hanseníase. Desde então, a vida de Raimundo Alves mudou. Ele foi morar na colônia e se isolar das pessoas, naquela época.
17/07/2015. Crédito: Gilson Teixeira/OIMP/D.A Press. Brasil. São Luís - MA.  Raimundo Sardinha - Vila Aquiles Lisboa antigo leprosário ainda abriga alguns doentes
“Tem muito preconceito, até a família da gente, eu tenho um irmão que nunca veio aqui. Quando ele nasceu eu cuidei dele, mas hoje nunca veio me visitar. Fiquei com um ferimento no pé, e as pessoas me olhavam de forma estranha, não falavam mais comigo”, recorda Raimundo Alves.
Apesar da vida normal, pós-tratamento, Raimundo Alves, por vezes, ainda enfrenta o preconceito. “Me disseram que tinha lepra, então vim morar aqui. Me lembro que não queria me alimentar”, disse ele. Hoje ele segue sua vida normal, em uma das casas da colônia, fez todo o tratamento e está curado. Porém, ainda tem algumas sequelas da doença, como os dedos das mãos atrofiados e um dos pés inchados. Segundo Sadinha, as pessoas ainda o tratam de forma estranha, quando vai a determinados locais, como agências bancárias perguntando se ele não tinha vergonha de sair desta forma.
O diretor administrativo do Hospital Aquiles Lisboa, Raul Fagner Leite da Silva, afirmou que antes havia a exclusão de pessoas infectadas, que eram direcionadas para a colônia.
“Muitos vieram do interior do estado, com 14 anos de idade. Hoje devem estar com seus 60 anos. Chegavam aqui, sem conhecer nada e não tinha mais nenhum contato com a família. Muitas famílias abandonavam mesmo, e diziam que não tinha como cuidar deles e eles eram isolados, não passavam dos muros. Com o passar do tempo eles saíam, queriam conhecer São Luís e lá fora eles eram rejeitados, quando sabiam que eles eram moradores da colônia. Eram expulsos da sociedade”, recorda Raul Fagner.
Atualmente existe o Hospital Aquiles Lisboa. Na propriedade, as casas da antiga colônia, que compõem toda a estrutura. O complexo hospitalar oferece serviços de internação hospitalar para pacientes atingidos com hanseníase. São 15 leitos no hospital para casos de internação, mas o serviço mais realizado é o ambulatorial, com acompanhamento médico e fornecimento de medicamentos.
Hospital Aquiles Lisboa Diagnóstico
17/07/2015. Crédito: Gilson Teixeira/OIMP/D.A Press. Brasil. São Luís - MA. Shirley Martins -  Hospital Aquiles Lisboa
A coordenadora do programa Controle de Hanseníase, Shirley Priscila Martins afirmou que o tratamento é gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e alertou para a importância do diagnóstico prévio da doença. “É feito um exame e o tratamento pode durar de seis meses a um ano. As pessoas têm que se observar se tem alguma parte do corpo com sensibilidade diminuída”, observa Martins.
Em 2014, o total de casos no estado chegou a 3.490, onde o maior número de infectados foi registrado em São Luís, com 440 pacientes. Em segundo lugar, ficou a cidade de Imperatriz, com 131 casos, Timon vem em terceiro com 142, Caxias com 125 e Açailândia em quinto lugar, com 61 nesse último ano. Em 2015, de janeiro e junho, foram notificados 1.524 novos casos da doença no estado. Em São Luís, foram 250.
As 15 cidades mais endêmicas do estado são: São Luís, Timon, Imperatriz, Caxias, Codó, São José de Ribamar, Açailândia, Santa Inês, Balsas, Santa Luzia, Barra do Corda, Zé Doca, Itapecuru-Mirim, Bacabal e Coroatá. Sendo que oito desses foram inseridos na lista este ano.
Dos 20.607 casos de Hanseníase detectados no período de 2010 a 2014, 10. 677 ocorreram nesses 15 municípios, contribuindo com 51,81% do total de todo o estado. Diante da situação, em atendimento a um pedido do governador Flávio Dino, o Ministério da Saúde fará a liberação de uma maior quantidade de recursos para prevenção, identificação e tratamento da doença diretamente para os municípios com os números mais alarmantes, como São Luís, São José de Ribamar, Timon, Caxias, Codó, Coroatá, Imperatriz e Açailândia.
Segundo o secretário de Estado da Saúde, Marcos Pacheco, a meta do Maranhão é conseguir reduzir o número de novos casos em 20% até o final de 2018, intensificando a busca ativa em localidades com maior carga da doença.
A doença
A Hanseníase, popularmente conhecida como lepra, é uma doença infecciosa causada por uma bactéria denominada Mycobacterium leprae. Ela tem cura, mas se não for tratada pode se agravar. O tratamento é oferecido gratuitamente em todo o mundo.
A falta de condições sanitárias adequadas é a principal causa da doença. A transmissão ocorre por meio das vias respiratórias (tosse e espirro) de pessoas infectadas que estão sem tratamento e os sintomas se manifestam no período de dois a 10 anos. Os principais sintomas são: manchas pelo corpo com perda ou alteração de sensibilidade, úlceras de pernas e pés, caroços, febres, edemas, entre outros.
Tratamento
No Maranhão, existem 60 unidades de referência no tratamento contra a Hanseníase, que seguem os protocolos nacionais de controle da doença, possuem técnicos e enfermeiros treinados, além de médicos especializados. O Centro de Saúde Genésio Rego, localizado na Vila Palmeira, é uma das unidades que recebem o maior número de portadores, além do Hospital Universitário (HUUFMA).
Sobre o Hospital Aquiles Lisboa
17/07/2015. Crédito: Gilson Teixeira/OIMP/D.A Press. Brasil. São Luís - MA.   Hospital Aquiles Lisboa
A unidade hospitalar foi fundada em 17 de outubro de 1937, com a finalidade de isolar pessoas doentes de hanseníase sendo denominado, “Sanitário Colônia Achilles Lisboa” e ficou conhecido no passado como Colônia do Bomfim, possuindo extensa área de 317.00 metros quadrados de terras, em localização privilegiada pela natureza porém com limitações de acesso que era feito por bancos e lanchas que aportavam no Porto do Bomfim hoje chamado “Prainnha”. Na década de 1990 a então Unidade Hospitalar Aquiles Lisboa foi regulamentada pela Lei nº 5.643 passando a ser uma unidade, integrante da então Gerência de Qualidade de Vida (GQV), hoje a Secretaria de Estado de Saúde (SES).


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