segunda-feira, 14 de maio de 2012

Mãe de Rafael Souza fala como é ter que passar o dia das mães indo ao presídio

Ana Júlia diz que espera passar o próximo dia das mães com o filho liberto - Foto: Mario Oliveira
O Dia das Mães não será de comemoração para a enfermeira Ana Júlia Saraiva. Em seu terceiro ano consecutivo, ela passará a data dentro do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), no quilômetro 8 da BR-174 (que liga Manaus a Boa Vista), ao lado do filho Rafael Saraiva de Souza, 26, preso.

desde maio de 2009, acusado de integrar uma organização criminosa.

Hoje, Ana Júlia deverá repetir a rotina de todos os fins de semana. Logo no início da manhã, irá organizar o material que levará para o filho na prisão e, ainda pela manhã, seguirá para o Compaj.

"Vou preparar um almoço bem gostoso e passar o máximo de tempo ao lado do meu filho. Rafael é a minha maior alegria, e não irei abandoná-lo nunca. Ele faz parte de mim, e vê-lo preso me deixa muito triste, mas acredito no meu filho. Não era dessa forma que queria comemorar essa data tão especial, mas não há mal que dure para sempre", comenta Ana.

Para tentar aliviar a saudade, Ana revela que tem se amparado em orações. Comenta, ainda, que o apoio da família tem sido fundamental nessa etapa.

"Minha mãe, minhas irmãs e a família paterna do Rafael tem colaborado muito nesse momento difícil que estou passando, mas tenho lutado para que esse sofrimento acabe. Espero passar o próximo Dia das Mães ao lado do meu filho, em um almoço de família. Esse seria o meu melhor presente", diz.

No ano passado, Ana Júlia também passou a data na cadeia. Ela releva que ainda tem guardado com todo carinho o presente que ganhou do filho.

"Foi uma lembrança simples, feita de artesanato, mas guardo com tanto carinho, como se fosse uma joia. É uma forma de ter o Rafael mais próximo de mim", revela.

Ana Júlia comenta que, durante o período que tem ido visitar o filho, conheceu diversas histórias de outras mães que passam por situações semelhantes, ou até piores que a dela. A principal lição que tirou dessa etapa é que o ser humano não pode perder a esperança.

"Tenho momentos de alegria, tristeza, mas nunca de desesperança. São 1.095 dias longe do meu filho, mas tenho fé que irei trazê-lo de volta para casa. Conversamos muito quando vou até a cadeia e o Rafael sempre diz que quando sair da prisão deseja fazer três coisas: visitar o túmulo do pai, ir a uma igreja e tomar um banho de cachoeira. E eu estarei ao lado dele".

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