sábado, 2 de julho de 2011

Cresce o número de motos e de mortes na capital maranhense

Publicação: 02/07/2011 07:55
 (NEIDSON MOREIRA/OIMP/D.A PRESS)
"Para mim, é como se ele ainda estivesse viajando e estaria prestes a voltar". Essa é a declaração de Ana Tereza Lucas, a inconformada viúva do motoboy Ronaldo Silva, conhecido como Maioba, que faleceu em novembro de 2009, após um caminhão colidir com a moto em que os dois estavam, na Avenida dos Africanos. Ele morreu na hora e, por conta da gravidade do sinistro, apesar de sobreviver, ela teve que amputar uma perna. Hoje morando com um filho de um ano de idade, do falecido, Ana tenta superar esta tragédia que marcou sua vida para sempre. "Até hoje, lembro deste momento e sinto saudades do meu marido, que se foi", declara. Casos como esses são comuns na capital maranhense, onde é grande o número de acidentes envolvendo motociclistas. Somente nesta semana foram três, sendo um com morte e outros dois com ferimentos graves.

O mais recente foi o que aconteceu na última quarta-feira, quando o motorista José Soeiro da Silva Neto, 50 anos, foi vítima de atropelamento por um ônibus que fazia a linha Circular 2, da empresa Expresso 1001. O acidente ocorreu em uma das entradas do terminal de integração Cohab/Cohatrac. José Soeiro, morador da Via Local 214, quadra 213, casa 3, no Parque Vitória, seguia na moto Suzuki de placa NMW 5070, e foi atingido pelo coletivo durante uma tentativa de ultrapassagem, no momento que o ônibus entraria no local. Quase na mesma hora, outros dois motociclistas sofreram acidentes, sem mortes. Esses foram na Avenida Carlos Cunha.

Conforme dados fornecidos pelo Detran-MA, até o mês de junho deste ano, já foram emplacados mais de 46,4 mil motocicletas, o que representa um acréscimo de 56% na frota de veículos deste porte, se comparado com o quantitativo do mesmo período do ano passado, que fechou com 82.249 motocicletas novas na rua, o que representa 61% da frota total de veículos da cidade.

Alguns usuários dos automotores de duas rodas consideram que, o aumento do número de motos nas ruas de São Luís se dá pela grande quantidade de engarrafamentos a que a cidade está submetida todos os dias. E, a fim de fugir destes, o único jeito é comprar um veículo que possa chegar mais rápido ao seu destino, livre de qualquer empecilho no trânsito. "Tenho carro, mas durante a semana uso moto por conta do engarrafamento. Entretanto, admito que é perigoso andar de moto pelas avenidas de São Luís", revela o motoboy Luis Gonçalo.

Para o coordenador de educação para o trânsito do Detran-MA, Roberval Lopes, as infrações que envolvem motociclistas, tem como principais responsáveis, o próprio condutor. "Quando digo 'o condutor', significa, sua falta de atenção e respeito à sinalização e às regras do Código de Trânsito Brasileiro como: ultrapassar pela direita, estacionar em local proibido, exceder os limites estabelecidos pela via, avançar sinal vermelho, fazer conversões proibidas e outras mais", relaciona Roberval.

Mas segundo ele, não se pode apontar, de fato, quem são os culpados dos sinistros entre carros e motos, visto que a responsabilidade é de quem não respeita as regras de trânsito, seja ele condutor de motocicleta ou automóvel. "O ideal é que não prendamos nossa atenção sobre de quem é a culpa, mas sim o que devemos fazer para não haver tantos casos de infrações, pois a sociedade de modo em geral, tem sua parcela de responsabilidade, ou seja, os governos oferecendo boas estruturas para os automóveis circulem com facilidade, condutores mais conscientes de seus direitos e deveres, e, é claro, mais educação, gentileza, cortesia e evitar discussões no trânsito", ressalta o coordenador de educação para o trânsito do Detran-MA.

Roberval ainda frisa que uma das medidas a serem tomadas para reduzir esses números alarmantes de infrações envolvendo motociclistas é a auto-conscientização de cada cidadão. "%uF020O que deve ser feito é cada pessoa, seja ele condutor, pedestre, ciclista respeitar mais as regras de trânsito, obedecer à sinalização nas vias. Com base nisso, o Detran-MA tem realizado campanhas educacionais com a finalidade de mobilizar e despertar a consciência dos condutores de modo geral, levando informações sobre os cuidados e comportamentos que todos devem ter e manter durante a condução do seu veículo", completa.

O preço das infrações

Criado pela Lei 6.194/74, o Seguro DPVAT cobre vidas no trânsito. Como o próprio nome diz, ele indeniza vítimas de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre. Somente em 2010, o Seguro gastou R$ 2,296 bilhões com o pagamento de indenizações por morte, invalidez permanente e reembolso de despesas médicas e hospitalares, em favor de mais de 252 mil vítimas de acidentes de trânsito ou a seus beneficiários. Esse valor foi superior em R$ 262 milhões (13%) ao montante pago em 2009. Nos últimos 5 anos (2005-2010) houve um aumento de R$ 1,480 bilhão nas despesas com indenizações, o que equivale a um crescimento de 181%.

Somadas todas as categorias de veículos cobertas pelo Seguro DPVAT (carros, motos, ônibus e caminhões), foram pagas 50.780 indenizações por morte, 151.558 indenizações por invalidez permanente e 50.013 reembolsos de despesas médico-hospitalares. Mais de 60%, ou seja, 153.341 indenizações foram pagas a vítimas de acidentes envolvendo motos, que representam apenas 26,38% da frota nacional.

Leciane Oliveira, atendente da Capemisa Seguradora de Vida e Previdência S/A, que trabalha com Dpvat no Maranhão, diz que esse aumento se dá por conta da divulgação do seguro. "Antes as pessoas não conheciam o Dpvat, logo não utilizavam. Mas agora como estão sendo feitas várias campanhas para disseminá-lo, a procura aumentou bastante, mas ainda assim, aqui na seguradora, é pouca a quantidade de pessoas que nos procuraram buscando dar entrada em processos do seguro", explica a atendente

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