domingo, 17 de julho de 2011

O técnico que substitui os batedores de pênaltis, deixando amadores para desclassificar a seleção Brasileira

Clique para Ampliar
Há 16 anos o Brasil não perdia uma decisão por pênaltis em competições oficiais. A última havia sido em 1995, na final da Copa América diante do Uruguai, em Montevidéu
FOTO: AGÊNCIA REUTERS
Clique para Ampliar
Mano Menezes vai continuar no comando, mas terá de se desdobrar para conquistar a confiança do torcedor brasileiro
FOTO: AGÊNCIA REUTERS
Clique para Ampliar
Para Villar, o Paraguai demonstrou toda a sua força ao não ser derrotado em dois jogos contra um dos grandes favoritos
FOTO: AGÊNCIA REUTERS
Brasil perde um caminhão de gols, desperdiça todas as cobranças de pênaltis e é eliminado pelo Paraguai
Quatro pênaltis perdidos. Exatos 17 anos depois de ter sido campeão mundial exatamente nos pênaltis, o Brasil foi eliminado pelo Paraguai nas quartas de final da Copa América, ontem, em La Plata, na Argentina. Depois de um empate em 0 a 0, em que o Brasil foi melhor praticamente o tempo todo, falou mais alto o nervosismo. Elano, Thiago Silva, André Santos e Fred bateram mal. Assim, o Paraguai venceu por 2 a 0.

Havia 16 anos que o Brasil não perdia uma decisão por pênaltis. A última foi em 1995, na final da Copa América diante do Uruguai. Nas duas edições mais recentes da competição, o time havia vencido assim o Uruguai nas semifinais de 2004 e a Argentina na final de 2004.

Chances perdidas
Os paraguaios contaram com o apoio da torcida, que, somada aos argentinos anti-Brasil, era maioria em La Plata. O Brasil, porém, é quem dominava. E foi numa troca de passes que nasceu a primeira boa chance do Brasil. Robinho, jogando centralizado, deu bom passe para Pato. O atacante procurou Ganso, mas foi travado por Paulo da Silva. A bola sobrou com Neymar, que mandou para longe.

Se o primeiro tempo foi sonolento, a atuação brasileira empolgou no segundo. Logo aos três minutos, o Brasil voltou a levar perigo à defesa paraguaia. Mais uma vez a jogada nasceu de troca de passes. Pato deu a Neymar na área, pela esquerda. O santista cortou a marcação e bateu tirando de Villar. Mas Alcaraz impediu o gol.

Na decisão por pênaltis, Elano desperdiçou. Barreto deu sobrevida aos brasileiros, porém Thiago Silva facilitou a defesa de Villar. André Santos e Fred também isolaram a bola, e Estigarribia e Riveros conferiram para o Paraguai e definiram a classificação às semifinais.

Venezuela faz história
A Venezuela eliminou o favorito Chile ao vencer ontem o rival por 2 a 1 e conseguir uma classificação inédita às semifinais da Copa América e agora enfrenta o Paraguai, quarta-feira, 20, às 21h45. Os gols dos venezuelanos foram marcados por Vizcarrondo e Cichero. Suazo descontou para os chilenos.


PRIMEIRO TESTE
Nova geração é reprovada
A nova geração da Seleção Brasileira foi reprovada em seu primeiro teste verdadeiro depois do Mundial da África do Sul. Com um ataque inútil, incapaz de superar a retranca do Paraguai por 120 minutos, e com aproveitamento zero em quatro cobranças de pênaltis, a equipe dirigida pelo técnico Mano Menezes se despediu de forma melancólica da Copa América.

A campanha irregular do Brasil no torneio já sinalizava o desfecho de ontem. Não passou de dois empates ruins contra Venezuela e Paraguai na primeira fase, quando obteve apenas uma vitória: por 4 a 2 sobre um fraco Equador. Para completar, empate sem gols no tempo normal e na prorrogação no novo encontro com os paraguaios.

Mano Menezes vai continuar no comando, mas terá de se desdobrar para conquistar a confiança do torcedor brasileiro. Ele se demonstrou confuso na armação da seleção ao longo dos dias de treinos e jogos na Argentina e não conseguiu o básico: levar o time a superar o medo de fazer gols. Pode, neste aspecto, dividir a responsabilidade com alguns jogadores, principalmente Alexandre Pato, Neymar, Ganso e Robinho. Os quatro não se cansaram de perder gols nesta Copa América.

O goleiro Julio Cesar e o zagueiro Lúcio, os dois mais experientes do grupo que disputou a Copa América, não devem ser convocados para o amistoso de agosto, contra a Alemanha, e vão ficar fora dos dois jogos do Brasil com a Argentina em setembro, em que só atuarão atletas em atividade no País. É possível que tenham iniciado neste domingo, em La Plata, a despedida da Seleção Brasileira.

Deficiências
Enquanto o goleiro Villar se destacava pelo Paraguai, Robinho realizava sua melhor partida pela Seleção desde que Mano Menezes substituiu Dunga no segundo semestre do ano passado. Correu, driblou, deu pedaladas e passes perfeitos e deixou os colegas em condição de marcar. Mas nada disso foi suficiente. Ganso mais uma vez se omitiu do jogo, Neymar se assustou nas duas vezes em que poderia decretar a vitória brasileira e Pato também decepcionou.

Após a derrota nos pênaltis para o Paraguai e a eliminação nas quartas de final da Copa América, o técnico Mano Menezes lamentou as chances de gol desperdiçadas pelo Brasil.

"Hoje não era o dia. Os jogadores chutavam justamente onde estava o (goleiro) Villar. Pato, Neymar... Houve chances", afirmou. Apesar da eliminação nas quartas, Mano disse que não deverá mudar seu trabalho. O técnico acredita que o time irá superar a eliminação e voltará a fazer gols. "Esta questão de perder gols é algo momentânea. Não é porque fomos derrotados que nada presta. A hora é de manter a tranquilidade e continuar trabalhando", declarou.


LEIRO
Justo Villar tem noite de herói
O Paraguai consegue um resultado histórico na Copa América ao eliminar o Brasil nos pênaltis. Para o goleiro Justo Villar, um dos heróis do triunfo, a equipe demonstrou sua capacidade em não ser derrotado em dois confrontos contra um dos favoritos ao título. Brasil e Paraguai também se encontraram na primeira fase. No primeiro confronto o jogo terminou com o placar de 2 a 2.

"Estamos muito alegres, demonstramos a capacidade dessa equipe", exaltou.

Experiente, Justo Villar brilhou enquanto a bola rolou em 120 minutos e ao barrar a penalidade cobrada pelo zagueiro Thiago Silva. O arqueiro reconhece, contudo, as dificuldades encontradas dentro de campo.

"O Brasil dominou a partida e fomos obrigados a ficar atrás. Não tivemos grandes possibilidades. O desgaste foi enorme durante o jogo", disse o goleiro do Valladolid, da Espanha.

Ao falar sobre as penalidades, Villar ressaltou que os brasileiros não devem ser crucificados pelos erros. O Brasil perdeu os quatro pênaltis cobrados.

"É uma loteria. Nossos batedores estiveram bem, enquanto o nosso adversário falhou", finalizou o herói paraguaio.


ANÁLISE
Domínio sem gols é mesmo que nada...
Por ironia do destino, foi o melhor jogo da Seleção na Copa América. Aliás, de toda a Era Mano Menezes. Parecia até que estávamos em Los Cardales, acompanhando um treino de ataque contra defesa. O Brasil sufocou os paraguaios em seu campo. Não que tenha tido uma atuação soberba. Mas foi superior em tudo. Robinho, enfim, fez uma partida de alto nível. Neymar jogou sério, sem firulas. E, mesmo com Ganso destoando, a Seleção criou ótimas oportunidades. O problema era a chamada última bola. Maicon, por exemplo, abusou de errar cruzamentos. E quando a finalização era boa, na direção do gol, Justo Villar fazia lembrar o paredão uruguaio Muslera, que parara a Argentina na véspera. Foi assim durante todo o jogo, foi assim na prorrogação. E, como que um castigo pelo futebol medíocre da 1ª fase, o Brasil viu a decisão se encaminhar para os pênaltis. Aí, sinceramente, deu foi pena. Quatro cobranças, cada uma pior do que a outra. Ridículo! O Brasil, solidário com a grande rival, Argentina, deu adeus à Copa América. E o Paraguai - pasmem! - chega às semifinais sem ganhar de ninguém.

Paulo César Norões
De La Plata, Argentina


Ficha técnica
Brasil: 0
Julio Cesar; Maicon, Lúcio, Thiago Silva e André Santos; Lucas Leiva, Ramires, Paulo Henrique Ganso e Robinho;
Neymar (Fred) e Alexandre Pato (Elano)
Técnico: Mano Menezes

Paraguai: 0
Villar; Verón, Alcaraz, Paulo da Silva e Aureliano Torres (Marecos); Vera (Barreto), Riveros, Estigarribia e Cáceres; Lucas Barrios (Pérez) e Haedo Valdez
Técnico: Gerardo Martino

Competição: Copa América-2011 (fase quartas de final) Estádio: Ciudad La Plata, em La Plata, Argentina Data: 17 de julho de 2011 Árbitro: Sergio Pezzotta (ARG) Assistentes: Ricardo Casas (ARG) e Efraín Castro (BOL) Cartões amarelos: André Santos, Maicon (BRA); Enrique Vera, Edgar Barreto, Elvis Marecos, Marcelo Estigarribia (PAR)Cartões vermelhos: Lucas Leiva (BRA) e Antolin Alcaraz (PAR)

Nenhum comentário:

Postar um comentário